Estamos trabalhando em propostas para recapitalizar a Caixa sem o FGTS, diz Meirelles

19/01/2018


O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta quinta-feira, 18, que a equipe econômica vai apresentar "nos próximos dias" alternativas para capitalizar a Caixa sem recursos do FGTS, cujo uso passou a ser questionado após as suspeitas de corrupção que levaram ao afastamento de quatro vice-presidentes do banco.

 

"Vamos viabilizar a recapitalização da Caixa. A capacidade da Caixa deve ser preservada para continuar emprestando onde deve, que é a construção de mais moradias", comentou o titular da Fazenda após gravar entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes. "Talvez não seja necessário entrar nessa discussão do FGTS", acrescentou.

 

Duas das possibilidades para injetar recursos na Caixa citadas por Meirelles são a venda de carteiras de crédito a outras instituições, de modo que o banco estatal se concentre no financiamento imobiliário, e a transferência de dividendos pagos à União.

 

Sobre o socorro com recursos do FGTS, Meirelles informou que a possibilidade está em estudo técnico, ainda sem conclusão final, e só será adotada se não houver riscos para o fundo dos trabalhadores.

 

"Não há necessidade de assumir nenhum risco nesse tipo de coisa", frisou o ministro, complementando que a operação poderá ser feita com a aplicação dos recursos em títulos da Caixa, de longo prazo ou perpétuos, que garantam rendimento ao FGTS. "Recursos do trabalhador têm que ser aplicados em algo que dê retorno e seja garantido."

 

Ele comentou ainda que a possibilidade de o presidente Michel Temer (MDB) perder apoio de partidos que indicaram os quatro vice-presidentes da Caixa afastados de suas funções por suspeita de corrupção é uma "questão que não se coloca". 

 

"Estamos seguindo a lei de governança das estatais aprovada pelo Congresso", disse o titular da Fazenda.

 

Previdência. Meirelles disse ainda acreditar que a reforma da Previdência será votada e aprovada. Mas a questão, pondera o ministro, é "quando" isso vai acontecer. 

 

Ele pediu que as mudanças nas regras das aposentadorias sejam aprovadas o mais rápido possível e disse que adiar a proposta de emenda constitucional para 2019 seria ruim para a economia por prolongar a incerteza.

 

Apesar disso, o ministro da Fazenda ponderou que a velocidade de tramitação da matéria é prerrogativa do Congresso. Ele evitou comentar se a reforma poderá ser adiada para depois das eleições se não houver votos suficientes na volta do recesso parlamentar, quando o governo pretende mandar a PEC ao plenário da Câmara.

 

"O que dizemos é que a reforma é fundamental, é importante e deve ser votada tão logo seja possível. O quando possível é decisão do comando do Congresso", disse o ministro a jornalistas.

 

Fonte: Estadão