Fila da saúde cresce e Haddad atrasa projeto

10/07/2013

A área da saúde, considerada prioridade pelos paulistanos e alvo de um pacote de medidas anunciado anteontem pela presidente Dilma Rousseff (PT), não teve grandes avanços nos primeiros seis meses da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT).

 

O número de pedidos de consultas, exames ou cirurgias que aguardam uma vaga na rede municipal não parou de crescer. E a principal promessa de campanha para a área, a Rede Hora Certa, não será implementada no prazo.

 

Crescimento da espera por serviço de saúde caiu, diz prefeitura

 

Um dos problemas apontados pela prefeitura para a dificuldade em avançar na área é, justamente, a falta de médicos. O município é um dos que está na lista de prioridades do governo federal para receber médicos, entre eles estrangeiros. E diz que vai se inscrever para recebê-los.

 

Dados obtidos pela reportagem mostram que o número de pedidos na fila de espera foi de 810.501, em 31 de dezembro do ano passado, para 842.492, em 30 de junho.

 

Os pedidos vão para a fila de espera quando não há vagas disponíveis na agenda das unidades de saúde, o que mostra a defasagem entre a quantidade de vagas ofertadas e a procura pelos serviços.

 

No início do ano, a prefeitura havia afirmado que o problema seria amenizado com ações como mutirões.

 

A expectativa do prefeito era realizar, até maio, metade dos 304.906 exames que aguardavam na fila. Foram feitos 90 mil. Em dezembro, essa fila era menor, mas 301.038 pedidos esperavam.

 

A maior parte deles (55.388) eram para a realização de ultrassonografia transvaginal - exame que ajuda a detectar tumores do endométrio e do ovário, por exemplo.

 

A fila também é grande para consultas com dermatologistas (57.288 pedidos), otorrinolaringologistas (47.260) e ortopedistas (39.732).

 

HORA CERTA

A principal medida anunciada por Haddad para a saúde, que também ajudaria a diminuir a quantidade de pedidos na fila, era a construção de unidades da Rede Hora Certa, espécie de ambulatório mais completo do que os existentes atualmente -neles será possível fazer exames e até pequenas cirurgias.

 

No início do ano, a nova gestão havia afirmado que até agosto seriam entregues as cinco primeiras unidades (sendo duas em junho), instaladas em ambulatórios já existentes, que passariam por reformas. A principal mudança seria a construção de um centro cirúrgico.

 

Nenhuma delas, entretanto, será entregue no prazo.

 

A reportagem visitou na semana passada os cinco locais onde elas vão funcionar e constatou que, a menos de um mês do prazo informado, apenas uma está em obras.

 

É a unidade Tito Lopes, localizada em São Miguel Paulista (zona leste), onde o prefeito esteve em março deste ano para falar à imprensa sobre o programa. A prefeitura afirma, agora, que ela demorará cerca de um mês e meio para ficar pronta.

 

Nas unidades Flávio Gianotti (no Ipiranga, zona sul), Sorocabana (na Lapa, zona oeste), Maria Cecília F. Donnangelo (na Brasilândia, zona norte) e Jardim Clíper (na Cidade Dutra, zona sul) não havia nenhum sinal de obras.

 

A prefeitura diz, agora, que elas devem ser entregues até o final do ano. O plano é inaugurar 32 unidades dessas até o final do mandato, em 2016.

 

Fonte: Folha de S.Paulo