No dia do combate ao AVC, aprenda a identificar sinais e prevenir sequelas
29/10/2015
A sigla AVC já entrou no vocabulário comum por ser uma doença muito freqüente em nosso meio. Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) são a terceira causa de óbito no Brasil, sendo ainda a principal causa de sequelas atualmente. Nesta quinta (29), dia do combate ao AVC, os números impressionam: de acordo com a Organização Mundial de AVC (WSO, na sigla em inglês), ocorrem mais de 100 mil mortes por ano.
O cérebro é o órgão que mais depende de oxigênio e sangue de todo nosso organismo. Sozinho, ele consome 20% de todo o sangue bombeado pelo coração por minuto.
As artérias são os vasos que levam o sangue do coração para o cérebro. Qualquer interrupção no fluxo de sangue para o tecido cerebral causa alterações em seu funcionamento.
Da mesma forma que quando ocorre uma obstrução das artérias coronárias há um infarto no coração por falta de sangue chegando ao miocárdio, a mesma coisa pode acontecer no cérebro. A obstrução de uma artéria pode interromper o fluxo sanguíneo e levar a um "infarto" cerebral. O nome médico para isso é isquemia e, quando acontece no cérebro, recebe o nome de Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico.
Pode acontecer também de o sangue não chegar ao tecido por outro problema que não seja a obstrução: o vaso pode romper estourar e extravasar o sangue, impedindo que ele chegue aonde tem que chegar. É como um encanamento que estoura em nossa casa: a água vai para todo lugar, menos para a torneira e não conseguimos fazer o que queremos.
O AVC é uma doença da terceira idade, possuindo pico de incidência ao redor dos 55 anos. Pode acontecer em pessoas mais jovens? Pode claro, porém a chance é muito menor!
Fatores de risco
Os principais fatores de risco são os mesmos de qualquer doença vascular (cardíaca, por exemplo): tabagismo, falta de exercícios, colesterol alto, etc.
O diagnóstico precoce do AVC é fundamental para reduzir as sequelas e salvar o paciente. Com o diagnóstico realizado ainda dentro da primeira hora do início dos sintomas e o tratamento iniciado dentro deste período, as chances de recuperação das sequelas são muito grandes.
Sintomas e sequelas
A manifestação clínica e os sintomas do AVC vão depender da artéria que sofre a obstrução. O mais freqüente é ter uma obstrução na artéria cerebral média. Uma obstrução desta artéria pode provocar alterações na fala (tanto na capacidade de compreender quanto na de se expressar) e movimentos de uma metade do corpo. É como se o braço e a perna de uma metade do corpo ficassem paralisados. Por haver paralisia também da musculatura de metade da face, é comum haver desvio da boca para o lado que ainda tem a musculatura funcionando.
Socorro
Portanto, se você presenciar alguém com início súbito de uma paralisia ou alteração de fala, procure acalmar a pessoa e chame o socorro especializado. Esta pessoa possui grande chance de recuperar seus déficits se tiver seu tratamento iniciado dentro da primeira hora.
Paulo Porto de Melo é neurocirurgião formado pela UNIFESP, especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e colaborador do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Saint-Louis (EUA).
Fonte: IG