Após BC estender prazo para cumprir meta, projeção para inflação em 2016 dispara

27/10/2015

Depois que o Banco Central jogou a toalha em relação ao cumprimento da meta de 4,5% também em 2016, as previsões para a inflação no Relatório de Mercado Focus dispararam em alguns casos e, no índice que mede o comportamento dos preços no atacado chegou a superar a marca dos 10%. Segundo o documento, a mediana para o IPCA do ano que vem subiu de 6,12% para 6,22%. Esta é a 12ª semana consecutiva de elevação. 

 

No caso da elite dos economistas que mais acertam as previsões para a inflação no médio prazo, denominada Top 5, a mudança foi ainda mais gritante. Há 15 dias, esse grupo passou a prever que o BC não entregará a inflação na meta (4,5%) também no ano que vem. Pela mediana das estimativas do boletim Focus, o IPCA do ano que vem terminará em 7,30%, e não mais em 6,72% como revelava a previsão anterior. Quatro edições atrás estava em 6,46%. A meta de 2016 é de 4,5% com margem de tolerância de dois pontos porcentuais para baixo ou para cima, o que abrigaria uma taxa de até 6,50%. 

 

Já as projeções para a inflação deste ano subiram de 9,75% para 9,85% na pesquisa geral. Há quatro semanas, estavam em 9,46%.No caso do Top 5 de 2015, a mediana das previsões desse mesmo grupo saltou de 9,81% para 9,95% - também bem acima do teto da meta deste ano, que tem os mesmos parâmetros da de 2016. 

 

Preços devem subir 9,85% neste ano

As projeções para os preços administrados voltaram subir tanto para 2015 como para 2016. A mediana das previsões para esse conjunto de itens no ano que vem passou de 6,35% para 6,60%. Para 2015, as estimativas do mercado financeiro para os preços administrados saiu de 16,00% para 16,11% de uma semana para outra.

 

Para a inflação de curto prazo, a estimativa para outubro disparou de 0,73% para 0,81%. Já a de novembro, passou de 0,61% para 0,63% de uma semana para outra. 

 

PIB. O Relatório de Mercado Focus trouxe mais revisões para o Produto Interno Bruto (PIB) deste e, principalmente, do próximo ano. A perspectiva de retração da economia este ano passou de 3,00% para 3,02%. Para 2016, a mediana das previsões saiu de -1,22% para -1,43%. 

 

Segundo o IBGE, o PIB brasileiro caiu 2,6% no segundo trimestre deste ano na comparação com o primeiro e 1,9% ante o mesmo período de 2014. No Relatório Trimestral de Inflação de setembro, o BC revisou de -1,1% para -2,7% a estimativa para a retração econômica deste ano.

 

Juro. Com o foco do Banco Central deslocado agora para 2017, mas com a promessa de que seguirá "vigilante", o mercado financeiro revisou para cima suas expectativas para o comportamento da Selic no ano que vem. A mediana passou de 12,75% ao ano para 13,00% aa.

 

Para este ano, os analistas deixaram suas projeções para a Selic inalteradas. A mediana permaneceu em 14,25% ao ano pela 13ª semana seguida. Na quinta-feira, o BC divulgará a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano, mas que mudou seu comunicado, explicando que não vê mais chance de levar a inflação para a meta no fim de 2016, mas, sim, o horizonte relevante, que é um prazo de 24 meses. 

 

Dólar. O Relatório de Mercado Focus revelou a percepção de que o dólar ficará ainda mais caro no encerramento do ano que vem. De acordo com o boletim, para o encerramento de 2016, a mediana das estimativas para o dólar subiu de R$ 4,13 para R$ 4,20. Com alta superior a 46% apenas neste ano, as projeções para o dólar no fim deste ano seguiram em R$ 4,00, como visto na semana passada. 

 

Fonte: Estadão