Presidente da UGT defende na OIT uma Conferência Mundial pela Produção e Pelo Emprego

18/06/2013


Ricardo Patah, presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), falou, hoje, terça-feira (18)  em nome dos trabalhadores brasileiros, na 102ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que está sendo realizada em Genebra, na Suiça e, num discurso de 10 minutos, denunciou o sistema financeiro mundial como sendo responsável pela atual crise que esmaga os trabalhadores e destrói a produção e, como uma ave de rapina, ataca os cofres públicos para se salvarem.

 

O presidente da UGT, central que representa 7,5 milhões de trabalhadores no Brasil, mas que na OIT falou em nome dos mais de 50 milhões de trabalhadores brasileiros, chamou a Organização da Nações Unidas (ONU) para assumir seu papel na conciliação de conflitos e coordenar uma Conferência Mundial pela Produção e Pelo Emprego (CMPE), visando harmonizar os fluxos monetários e financeiros internacionais com as necessidades produtivas e do emprego em todos os países. "Só assim sairemos dessa grande armadilha mundial que sacrifica os trabalhadores", finalizou Patah. 

 

Lei a integra do discurso

 

Companheiras e companheiros,

 

Em nome dos trabalhadores brasileiros, afirmamos que a Conferência da Organização Internacional do Trabalho é o fórum adequado para a promoção do necessário diálogo social de todos os envolvidos – governos, empresários e trabalhadores. Trata-se de construir um caminho para buscar soluções diante da crise financeira e econômica atual. Precisamos criar políticas e ações multilaterais para fazer valer a produção e o trabalho sobre o financismo e garantir o pleno funcionamento da rede de proteção social, construída com o grande esforço de todo o mundo.

 

A crise não atinge a todos de modo igual e sabemos quem mais sofre com ela: OS TRABALHADORES E OS SETORES PRODUTIVOS.

 

Nós não aceitamos nenhum retrocesso quanto às conquistas obtidas a duras penas. Não aceitamos também que a crise atual sirva de desculpa para solapar direitos trabalhistas e sociais para resolver os problemas dos criadores da crise.

 

O momento exige uma alternativa que valorize a produção, o trabalho decente, a rede de proteção social, a qualidade de vida e a transição para uma economia sustentável, com empregos verdes e decentes.

 

Para tanto, os governos e as instituições multilaterais devem abandonar o receituário único com o qual vem sendo gerenciada a crise, repleto de medidas centradas na austeridade fiscal para os povos e para a economia real.

 

O resultado desse receituário é mais recessão, mais desemprego, menos renda, menos consumo, menos produção, menos investimento e o aumento do desespero social.

 

Os criadores da crise, e em especial os do setor financeiro, estão prostrados teoricamente, mas politicamente atuam com enorme desenvoltura para romper impiedosamente os cofres públicos para salvar suas finanças. O resultado dessa ação de rapina é um Estado mínimo para a maioria dos povos e um Estado máximo para uma minoria privilegiada. Entende-se daí porque os rios de dinheiro colocados nas grandes instituições financeiras não reativam as economias em crise, não se transformam em crédito ao produtor ou ao consumidor e porque as economias se mantém estagnadas e o emprego , com um saldo de 27 milhões de desempregados na União Europeia, 19 milhões só na zona do euro.

 

A saída da crise demanda um conjunto de medidas que estimulem investimentos em infraestrutura, financiamentos para a produção e para áreas sociais estratégicas: educação, qualificação profissional, saúde, saneamento básico e distribuição de renda.

 

Para isso, apresentamos algumas propostas.

 

Por uma Conferência Mundial pela Produção e Pelo Emprego

 

 Promover, sob a responsabilidade da ONU, uma Conferência Mundial pela Produção e pelo Emprego (CMPE) visando harmonizar os fluxos monetários e financeiros internacionais com as necessidades produtivas e de emprego de todos os países. Seria como uma “Conferência de Bretton Woods da Produção e do Emprego”.

 

A Regulação do Capital Financeiro e a Criação da Taxa Tobin

Trabalhadores, governos, setores empresariais produtivos e o setor bancário mundial devem promover a regulação do capital financeiro internacional, canalizando a poupança pública e privada em investimentos produtivos. Somos favoráveis à instituição da taxa Tobin, imposto internacional cobrado em transações financeiras para viabilizar a estabilidade monetária internacional.

 

Programas de Apoio ao Trabalho Decente e para um desenvolvimento global sustentável

 

Os Estados que receberem apoio financeiro de instituições multilaterais devem ser obrigados a adotar uma Agenda Nacional de Trabalho Decente baseada no pilares consagrados pela OIT e eliminar as distorções nos intercâmbios econômicos entre países.

 

Caros Senhores, também não nos escapa a flagrante tentativa de alguns setores de minar o modelo histórico do tripartismo da OIT, buscando abrir lacunas textuais e interpretativas nos documentos adotados por este organismo para reduzir a força da representação dos legítimos e exclusivos representantes dos trabalhadores nas questões laborais. Rechaçamos a nomenclatura de “Interlocutores sociais” quando se tratar de questões laborais. Somos organizações sindicais de trabalhadores, e temos a prerrogativa de representar a milhões de trabalhadores em todo o mundo, tanto neste espaço quanto nos espaços nacionais de negociações de políticas trabalhistas.

 

Por fim, reitero nossa posição de que não sairemos desta GRANDE ARMADILHA MUNDIAL sacrificando a classe trabalhadora.

 

Muito Obrigado