Vendas no varejo caem 1,4% em junho, segundo mês seguido no campo negativo
10/08/2022
As vendas no comércio varejista no país recuaram 1,4% na
passagem de maio para junho. É a segunda variação negativa consecutiva do
setor, que acumula retração de 0,8% em dois meses, na comparação com o bimestre
anterior. O resultado de junho traz a maior variação negativa para o comércio
desde dezembro do ano passado, quando a queda foi de 2,9%. No primeiro semestre
do ano, há uma alta acumulada de 1,4% frente ao mesmo período de 2021, e, nos
últimos 12 meses, perda de 0,9%. Nesse último indicador, também é o segundo mês
consecutivo no campo negativo, o que não acontecia desde agosto de 2017.
Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada
hoje (10) pelo IBGE.
A retração na comparação com maio foi disseminada por sete
das oito atividades investigadas pela pesquisa. Duas delas tiveram maior
influência sobre o índice geral do varejo: tecidos, vestuário e calçados, com
queda de 5,4%, e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo,
segmento que recuou 0,5% no período.
“A atividade de hiper e supermercados teve uma influência
importante da inflação ao longo do primeiro semestre do ano. Entre abril e
maio, houve variação de 4% na receita e de 1% no volume de vendas, indicador em
que a pesquisa já desconta a inflação. De maio para junho, essa atividade teve
queda de 0,5% no volume, mas variou 0,3% em receita. Isso significa que há
amplitude menor da inflação, mas o suficiente para que o volume tivesse uma
variação negativa, apesar de a receita ficar no campo positivo”, explica o
gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
O pesquisador também destaca o recuo do setor de tecidos,
vestuário e calçados, que ainda segue 9,9% abaixo do patamar pré-pandemia,
registrado em fevereiro de 2020. “Essa atividade teve uma queda intensa na
passagem de maio para junho. Ao longo do ano, houve altas ligadas a uma nova
estratégia adotada por essas empresas de também se lançar no comércio
eletrônico, de fazer vendas virtuais de forma mais forte do que se fazia
antigamente, já que, nesse setor, experimentar um produto antes de comprar é
muito importante”, complementa o pesquisador.
A única atividade que cresceu frente ao mês anterior foi a
de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,3%). “Nesse
segmento, o aumento é ligado aos artigos farmacêuticos e reflete a alta nos
preços dos medicamentos. Esse é um tipo de produto que, na maioria das vezes,
você não consegue substituir. Isso aumenta o dispêndio de uma família que pode
ter que gastar nessa atividade e diminuir o consumo em outras”, analisa
Cristiano.
No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo,
veículos e materiais de construção, a retração no período foi de 2,3%. Tanto o
setor de veículos e motos, partes e peças (-4,1%) quanto o de material de
construção (-1,0%) recuaram.
Varejo fecha primeiro
semestre com alta de 1,4%
No fechamento do primeiro semestre, o varejo acumulou alta
de 1,4%, após queda de 3,0% no segundo semestre do ano passado. Seis atividades
acompanharam o crescimento. Entre elas, as maiores variações foram registradas
por Livros, jornais, revistas e papelaria (18,4%), tecidos, vestuário e
calçados (17,2%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria
(8,4%).
Ainda no primeiro semestre deste ano, apenas duas atividades
tiveram queda: móveis e eletrodomésticos (-9,3%) e outros artigos de uso
pessoal e doméstico (-2,8%). Quando considerado o comércio varejista ampliado,
o segmento de veículos e motos, partes e peças avançou 0,4%, enquanto o setor
de material de construção recuou 7,3%.
Variação é de -0,3%
frente a junho do ano passado
As vendas do varejo variaram 0,3% na comparação com junho do
ano passado. Esse é o segundo resultado seguido no campo negativo, uma vez que
a variação de maio, nesse indicador, foi de -0,2%. Mas, entre as atividades
analisadas, a predominância foi de taxas positivas, com destaque para artigos
farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (11,0%), combustíveis e
lubrificantes (7,8%) e livros, jornais, revistas e papelaria (2,6%), que
tiveram as maiores variações.
As atividades que recuaram no período foram outros artigos
de uso pessoal e doméstico (-11,4%) e móveis e eletrodomésticos (-14,7%). No
varejo ampliado, houve queda de 3,1% na comparação com junho de 2021, com
retração de veículos e motos, partes e peças (-7,1%) e de material de
construção (-11,4%).
Mais sobre a pesquisa
A PMC produz indicadores que permitem acompanhar o
comportamento conjuntural do comércio varejista no país, investigando a receita
bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas
ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista.
Iniciada em 1995, a PMC traz resultados mensais da variação
do volume e receita nominal de vendas para o comércio varejista e comércio
varejista ampliado (automóveis e materiais de construção) para o Brasil e
Unidades da Federação. Os resultados podem ser consultados no Sidra.
Fonte e Foto: Agência IBGE