Humorista Jô Soares morre aos 84 anos, em São Paulo

05/08/2022


Jô Soares estava internado desde 25 de julho no Hospital Sírio-Libanês para o tratamento de uma pneumonia


São Paulo – O ator, escritor e diretor Jô Soares morreu na madrugada desta sexta-feira (5), aos 84 anos. Considerado um dos maiores humoristas do Brasil, o apresentador do Programa do Jô, exibido pela TV Globo e pelo SBT, estava internado desde 25 de julho no Hospital Sírio-Libanês, na região central de São Paulo, para tratar de uma pneumonia.


A causa da morte ainda não foi divulgada. O enterro e velório do corpo de Jô serão reservados à família e amigos, em data e local ainda não informados.


“Viva você, meu Bitiko, Bolota, Miudeza, Bichinho, Porcaria, Gorducho. Você é orgulho pra todo mundo que compartilhou de alguma forma a vida com você. Agradeço aos senhores Tempo e Espaço, por terem me dado a sorte de deixar nossas vidas se cruzarem. Obrigada pelas risadas de dar asma, por nossas casas do meu jeito, pelas viagens aos lugares mais chiques e mais mequetrefes, pela quantidade de filmes, que você achava uma sorte eu não lembrar pra ver de novo, e pela quantidade indecente de sorvete que a gente tomou assistindo”, escreveu a ex-mulher, Flavia Pedras Soares, nas redes sociais.


Em todas as suas inúmeras atividades artísticas – entrevistador, ator, escritor, dramaturgo, diretor, roteirista, pintor –, Jô Soares teve o humor como marca registrada. Foi seu ponto de partida e sua assinatura no teatro, na TV, no cinema, nas artes plásticas e na literatura. Ele próprio gostava de admitir isso.

“Tudo o que fiz, tudo o que faço, sempre tem como base o humor. Desde que nasci, desde sempre”, afirmou em depoimento ao site Memória Globo. Nos últimos 25 anos, Jô ficou conhecido por ser o apresentador de talk-show mais famoso do país. Na TV Globo, estrelava o “Programa do Jô”, exibido desde 2000. Também se destacou por ser um dos principais comediantes da história do Brasil, participando de atrações que fizeram história na TV. Dentre elas, se destacaram “A família Trapo” (1966), “Planeta dos homens” (1977) e “Viva o Gordo” (1981). Além disso, escreveu cinco livros, atuou em 22 filmes e é considerado pioneiro do stand-up.


Humor e política

Após a notícia de sua morte, Jô Soares também foi relembrado por denunciar o processo de impeachment contra Dilma Rousseff (PT), em 2016, como um golpe, e por combater o bolsonarismo. 


Em uma conversa durante o Programa do Jô, na TV Globo, com suas “meninas”, grupo de jornalistas que reunia nomes como Cristiana Lôbo, Lillian Witte Fibe, Ana Maria Tahan e Lucia Hippolito, o apresentador contestou o processo contra Dilma, afirmando ter “cheiro de golpe”. Ele foi interrompido por Ana Maria Tahan que o chamou de “ingênuo”. Ao que o Jô rebateu: “Quem é ingênuo?”. 


“Se acontecer (o impeachment), não vai ser possível dar um jeitinho. E é por isso que o Brasil não acaba. Com tudo isso, vai se ajeitando, quebrando um galho aqui e outro. Agora, o que estou falando, não é que não é necessário, mas pode chegar a uma consequência que seria muito mais prejudicial ao Brasil do que a Lei da Responsabilidade Fiscal”, alertou o humorista. 


Voz contra o bolsonarismo

Jô foi um dos poucos jornalistas a entrevistar a ex-presidenta, em 13 de junho de 2015. À época, apoiadores do golpe parlamentar atacaram o apresentador pela conversa, entre eles, o guru bolsonarista Olavo de Carvalho e o apresentador Danilo Gentili. Com a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência da República, Jô também se somou às vozes contrárias ao mandatário. Em um de seus últimos trabalhos, o multiartista publicava cartas no jornal Folha de S.Paulo com críticas ácidas e contundentes a Bolsonaro. Em uma das cartas, Jô chamou o presidente de “o rei dos animais” e ironizou o fato do ex-policial militar Ronnie Lessa, réu pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e apontado como miliciano, morar no mesmo condomínio de Bolsonaro. 


No auge da pandemia de covid-19, Jô também usou as cartas para questionar a obsessão do mandatário pelo chamado kit covid, comprovadamente ineficaz. “A ciência continua a negar a eficácia desses medicamentos contra a Covid-19. A ciência? Ora, a ciência… Que valor tem ela diante da sua imperial ignorância?”, ironizava o humorista.


Fonte e Foto: Rede Brasil Atual