Censo 2022 começa hoje, após dois anos de atraso: mais de 180 mil recenseadores vão às ruas
01/08/2022
Pandemia e falta de recursos atrasaram a maior radiografia
do país, que trará dados inéditos sobre quilombolas e autismo. Pesquisadores
vão percorrer o Brasil até outubro
O Censo 2022 começa nesta segunda-feira. Os mais de 183 mil
recenseadores do IBGE iniciam a visita aos 75 milhões de domicílios
brasileiros. O maior levantamento sobre as condições de vida da população, que
era para ter acontecido em 2020, teve de ser suspenso pela pandemia e, depois,
pela falta de recursos para uma operação que exige mais de R$ 2 bilhões para
ser realizada.
O Censo, além de contar os estimados 215 milhões de
habitantes, traz um retrato por sexo, idade, instrução, renda, condições do
domicílio (se tem água, luz, saneamento, internet e posse de eletrodomésticos),
numa visão mais geral.
Um outro questionário, mais extenso e aplicado a 11% das
casas, vai investigar sobre trabalho, composição das famílias, fecundidade,
migração, religião, deslocamento e pessoas com deficiência.
O Censo 2022 trará algumas investigações inéditas como o
retrato das 5.972 comunidades quilombolas. Além do questionário individual, o
líder da comunidade vai descrever a infraestrutura do local, recursos naturais,
educação, saúde e hábitos da aldeia.
Na pesquisa sobre a população com deficiência, o transtorno
do espectro autista também será identificado.
Foi um longo caminho até os milhares de recenseadores irem
aplicar os questionários a partir desta segunda-feira. Ainda antes da pandemia,
em 2019, o tamanho do questionário foi posto em xeque, provocando protestos em
defesa de um censo com mais perguntas, num documento que já tinha sido definida
previamente pela comissão que cuida do Censo.
Queda na expectativa de vida
Passado a polêmica sobre quais temas que o censo deveria
abordar, passou-se para o gasto. Inicialmente orçado em R$ 3 bilhões, no início
de 2019, teve o orçamento reduzido para R$ 2,3 bilhões.
Esse censo é particularmente importante por registrar como a
pandemia mexeu com os indicadores socioeconômicos, principalmente as tendências
demográficas. Pelos cálculos da economista Ana Amélia Camarano, houve uma queda
na expectativa de vida de 4,4 anos do brasileiro em menos de 22 meses de
pandemia (entre março de 2020 e dezembro de 2021).
Entre 1980 e 2019, essa esperança de vida crescia quatro
meses por ano. Com a nova contagem, será possível mensurar o impacto da
Covid-19.
Os primeiros resultados do Censo 2022 devem sair até o fim
do ano. Os recenseadores ficarão em campo três meses, até outubro. O suporte
por telefone será feito pelo Centro de Apoio ao Censo (CAC), pelo telefone 0800
721 8181 do IBGE.
Os agentes do CAC responderão dúvidas em geral sobre o
Censo, o preenchimento do questionário via internet e, se o morador deixar,
preencher o questionário em entrevista por telefone.
Fonte e Foto: O Globo