iFood desacelera contratações em tecnologia e demite equipes de recrutamento
23/06/2022
Plataforma de entrega de comidas dispensou times ligados à
atração de talentos no departamento de Recursos Humanos
Entre as startups com maior impulso durante a pandemia, o
iFood dispensou parte da equipe de recrutamento de talentos após desacelerar o
preenchimento de vagas em tecnologia. Segundo apurou o Estadão, ao menos 20
pessoas foram demitidas na última segunda, 20, em um movimento que indica que a
companhia pisou no freio.
O iFood confirmou os desligamentos em nota para a
reportagem: “O iFood está reestruturando algumas áreas, em busca de maior
eficiência e foco para o seu negócio. Infelizmente o processo de priorização e
de revisão levou ao desligamento de algumas pessoas e à desaceleração de novas
contratações. Se antes o nosso time de recrutamento trazia mais de 200 pessoas
por mês para a empresa, hoje esse número caiu pela metade. Seguimos buscando no
mercado profissionais de tecnologia e da área comercial e hoje temos mais de
100 posições em aberto nessas áreas”.
A notícia pegou de surpresa os funcionários, que diziam que
a startup operava normalmente até maio passado. Segundo ex-funcionários ouvidos
pela reportagem, o clima começou a mudar no início do mês de junho, quando a
companhia teria interrompido processos seletivos e congelado quase 80% das
vagas de front-end e back-end. Os ex-funcionários, então, dizem que passaram a
ser obrigados a tirar folgas ao longo da semana e que o ritmo de trabalho havia
diminuído drasticamente.
Na segunda 20, reuniões individuais foram convocadas com
recrutadores (que inclui também os consultores de experiência do candidato,
cuja tarefa é auxiliar na tranquilidade do processo seletivo) para anunciar as
demissões, atribuindo os cortes ao mau momento macroeconômico.
A desaceleração de uma das maiores startups nacionais é mais
um sinal amarelo para o ambiente nacional de inovação, que passou a ver
demissões, desaceleração de projetos e reestruturação em alguns dos seus
principais unicórnios — nome dado às raras empresas de tecnologia com avaliação
de mercado superior a US$ 1 bilhão, como Ebanx, QuintoAndar, Loft e Olist.
Vida pós-pandemia
Fundado em 2011, o iFood foi uma das startups que mais cresceu
durante a pandemia de covid-19. Com o isolamento social necessário para
combater o novo coronavírus, a negócio de delivery de restaurante e mercado
ganhou impulso ao unir clientes a estabelecimentos, sem que estes precisassem
ir para as ruas.
Além disso, nesse período, a startup ganhou impulso ao ser
uma fonte de renda para motoboys — que, sabendo do aumento da receita da
empresa e com o ritmo de trabalho mais puxado no período, criaram o Breque dos
Apps, paralisação que engloba não só os entregadores parceiros da startup
brasileira, mas também do Rappi e UberEats.
No período de pandemia, a startup brasileira entrou no
mercado de benefícios de alimentação, com vales flexíveis que podem ser
utilizados na plataforma. Ainda, a controladora do iFood, a Movile, levantou R$
1 bilhão para expandir a operação de suas companhias.
Especialistas apontam, porém, que a vida pós-pandemia pode
ser difícil para as startups que foram impulsionadas desde 2020. Com o fim do
isolamento e sucesso da vacinação, pessoas voltam às ruas e restaurantes abrem
as portas, o que diminui o crescimento de empresas como iFood.
Outros fatores que pressionam a startup é a escalada da
inflação, que pressiona o bolso do consumidor; a alta dos juros, que torna
rodadas de investimento mais difíceis de serem levantadas; e a guerra da
Ucrânia, que desordena as cadeias produtivas mundiais, encarecendo, por
exemplo, os combustíveis e energia.
Fonte e Foto: Estadão