Menos da metade das grávidas e das crianças se vacinam contra a gripe no Estado de São Paulo
17/06/2022
Baixa adesão pode representar novas internações,
sobrecarregando ainda mais um sistema de saúde que convive atualmente com
aumento de casos de covid-19 no Estado
Menos de 40% das crianças e menos de 30% de grávidas e
puérperas tomaram a vacina contra a gripe no Estado de São Paulo. A baixa
adesão dos grupos à campanha de vacinação contra o vírus Influenza, causador da
gripe, acendeu um alerta na Secretaria de Saúde estadual, que divulgou os dados
na quarta-feira, dia 15.
De acordo com a pasta, das cerca de 2,6 milhões de crianças
entre 6 meses e menos de 5 anos, aproximadamente 1 milhão tomaram o imunizante
(39,6%). Entre as puérperas e as grávidas, que somam 140 mil em todo o Estado,
cerca de 40,6 mil, ou seja, apenas 29%, estão vacinadas. A meta do governo é
imunizar 90% das pessoas elegíveis até o fim da campanha, previsto para ocorrer
no dia 24 de junho. Mas a baixa adesão de outros grupos que podem se vacinar
tem feito esse objetivo ficar mais distante.
Segundo os dados da secretaria, 42,6% do público-alvo foi
vacinado até o momento. Com 60%, o grupo que mais aderiu à vacinação foi o de
idosos.
Na capital, o número de crianças, grávidas e puérperas
imunizadas também está baixo. Até a última quarta-feira, a Coordenadoria de
Vigilância em Saúde (Covisa) da Secretaria Municipal de Saúde informou que 38%
das crianças entre 6 meses e menos de 5 anos tomaram a vacina da gripe. A
cobertura vacinal atingiu somente 23% das gestantes e 20% das puérperas da
cidade.
Riscos
Especialistas alertam para os riscos de se ter baixos níveis
de cobertura contra a Influenza, sobretudo em um período em que casos de
covid-19 voltaram a crescer. “Os vírus que causam a gripe são responsáveis por
quadros de síndrome respiratória aguda grave que podem exigir internação
hospitalar, ocupação de leitos de UTI e até intubação”, afirmou Raquel Stucchi,
médica infectologista da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
“O perigo de não se vacinar contra a gripe é que teremos
pessoas, principalmente as que fazem parte do grupo de risco, necessitando de
internações. Isso pode comprometer ainda mais um sistema de saúde que está
novamente sobrecarregado com os quadros de covid-19”, acrescentou.
“O número de mortes por gripe é pequeno? É relativamente
pequeno. Mas são mortes evitáveis”, disse Carlos Magno, infectologista e
professor da Unesp. “Temos uma doença potencialmente grave, cuja vacina está
disponível na rede pública.”
Para Magno, no entanto, não é novidade a baixa adesão de
alguns grupos à vacinação contra a gripe, que é, por vezes, menosprezada pela
população. “A vacina da Influenza sempre teve má cobertura em crianças e
gestantes, exceto em momentos de comoção social, como foi em 2009, na epidemia
de H1N1. Isso se deve a uma baixa percepção de risco. As pessoas pensam que
gripe é uma doença banal.”
A diretora da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIM),
Monica Levi, considera que a falta de senso de perigo sobre a gripe também
contribui para os baixos níveis de cobertura vacinal. “Quando a doença está
quieta, a tendência é relaxar na percepção dos riscos e não fazer muito esforço
para se vacinar”, afirmou.
A especialista cita outros motivos que explicam a baixa
cobertura, como a falta de orientação médica e as campanhas de desinformação
sobre a importância das vacinas.
A Secretaria de Estado da Saúde disse, por meio de nota, que
reforça a importância da vacinação e lembrou que a campanha contra a Influenza
e o sarampo vai até 24 de junho. “Cerca de 7,5 milhões de pessoas já foram
imunizadas no Estado, o que equivale a 42,6% do público-alvo. A expectativa é
imunizar 90% da população-alvo contra o vírus Influenza. O governo apoia a ação
e reforça a necessidade do comparecimento desse público aos postos para a
imunização, evitando agravamentos e hospitalizações”, informou a nota.
Fonte e Foto: Estadão