Com taxa de 11,1%, desemprego fica estável no primeiro trimestre
29/04/2022
A taxa de desocupação foi estimada em 11,1% no trimestre
encerrado em março, ficando estável frente ao trimestre anterior. Também houve
estabilidade no número de desempregados, que totalizou 11,9 milhões de pessoas.
Já a população ocupada, estimada em 95,3 milhões, caiu 0,5% na mesma
comparação, o que significa 472 mil pessoas a menos no mercado de trabalho. Os
dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad
Contínua), divulgada hoje (29) pelo IBGE.
De acordo com a coordenadora de Trabalho e Rendimento do
IBGE, Adriana Beringuy, a estabilidade da taxa de desocupação é explicada pelo
fato de não haver crescimento na busca por trabalho no trimestre. O cenário é
diferente daquele apresentado nos outros trimestres encerrados em março,
quando, pelo efeito da sazonalidade, havia aumento da procura por trabalho.
“Se olharmos a desocupação em retrospecto, pela série
histórica da pesquisa, podemos notar que, no primeiro trimestre, essa população
costuma aumentar devido aos desligamentos que há no início ano. O trimestre
encerrado em março se diferiu desses padrões”, afirma. A taxa de desocupação é
a menor para um trimestre encerrado em março desde 2016, quando também foi de
11,1%.
A queda dos trabalhadores por conta própria na comparação
com o último trimestre foi de 2,5%, o que representa a saída de 660 mil pessoas
dessa categoria. Desse contingente, 475 mil eram trabalhadores sem CNPJ. “Os
empregados sem carteira no setor privado ficaram estáveis, depois de três
trimestres em expansão. Já o número de trabalhadores por conta própria teve
retração após cinco trimestres de aumento. No trimestre encerrado em março,
essa queda no trabalho por conta própria respondeu pela redução no total da
população ocupada”, comenta a pesquisadora.
Impactada por essa retração, a taxa de informalidade chegou
a 40,1%, após redução de 0,6 ponto percentual. O número de informais caiu 1,9%,
totalizando 38,2 milhões. A participação dos trabalhadores por conta própria
sem CNPJ nesse recuo foi de 64%. Por outro lado, o número de empregadores
cresceu 5,7%. São 222 mil pessoas a mais. O trabalho formal respondeu por boa
parte desse número: 186 mil desses empregadores tinham CNPJ.
Outra categoria que cresceu foi a dos empregados no setor
privado com carteira de trabalho assinada, que foram estimados em 34,9 milhões
de pessoas. Frente ao trimestre encerrado em dezembro, é um aumento de 1,1%, ou
de 380 mil pessoas. “Essa categoria cresceu pelo quarto trimestre consecutivo,
porém em percentual menor ao observado nos trimestres de 2021, respectivamente,
segundo (1,8%), terceiro (4,4%) e quarto (2,9%) trimestres. Embora tenha
reduzido o ritmo de crescimento, a expansão do emprego com carteira vem
contribuindo para um gradativo aumento da formalidade na ocupação”, afirma
Beringuy.
Em relação aos setores analisados pela pesquisa, apenas o da
construção teve redução no seu contingente de trabalhadores na comparação com o
trimestre anterior. O número de empregados desse segmento caiu 3,4%, ou 252 mil
pessoas. Os outros setores ficaram estáveis nessa comparação.
“A queda no número de ocupados na construção ocorreu
principalmente entre trabalhadores por conta própria e empregados sem carteira,
que representam parcela relevante dos ocupados nessa atividade. A queda na
informalidade no trimestre pode ser associada à redução desses trabalhadores na
construção”, analisa.
Com a retração no contingente de ocupados, o crescimento da
população fora da força de trabalho foi de 1,4%, o que equivale a uma adição de
929 mil pessoas. Já a força de trabalho potencial caiu 6,8% ou 610 mil pessoas.
Esse grupo reúne aqueles que não estavam ocupados nem procuravam uma vaga no
mercado, mas tinham potencial para se transformarem em força de trabalho. No
mesmo período, 195 mil pessoas saíram do contingente de desalentados.
Rendimento cresce
1,5% frente ao trimestre encerrado em dezembro
O rendimento médio real foi estimado em R$2.548, um
crescimento de 1,5% em relação ao trimestre encerrado em dezembro. “Esse
aumento é importante se considerarmos que esse indicador vinha em queda desde o
segundo trimestre do ano passado. De modo geral, quando a participação dos
trabalhadores formais aumenta, o rendimento médio da população ocupada tende a
crescer”, explica a coordenadora. Na comparação com o trimestre encerrado em
março do ano passado, houve queda de 8,7%.
Já a massa de rendimento ficou estável frente ao trimestre
anterior. Ela foi estimada em R$237,7 bilhões, ficando estável também na
comparação com o mesmo período do ano anterior.
Mais sobre a pesquisa
A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento
da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil
corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores
trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de
coleta de mais de 500 agências do IBGE.
Em função da pandemia de Covid-19, o IBGE implementou a
coleta de informações da pesquisa por telefone a partir de 17 de março de 2020.
Em julho de 2021, houve a volta da coleta de forma presencial. É possível
confirmar a identidade do entrevistador no site Respondendo ao IBGE ou via
Central de atendimento (0800 721 8181), conferindo a matrícula, RG ou CPF do
entrevistador, dados que podem ser solicitados pelo informante.
Fonte e Foto: IBGE