Governo Lula planeja força-tarefa para conter alta nos preços dos alimentos
29/01/2025

O aumento nos preços dos alimentos se transformou no grande foco do governo do presidente Lula (PT) em 2025, devido aos seus impactos na inflação, que pesa principalmente no bolso dos mais pobres. Na semana passada, o presidente fez várias reuniões ministeriais para tratar o tema.
Entre as estratégias para lidar com o problema, apontado como um dos fatores a derrubar a popularidade de Lula, está realizar uma força-tarefa para antever possíveis entraves logísticos em rodovias, ferrovias e portos que possam prejudicar o escoamento da safra agrícola neste início do ano, e que podem impactar os preços dos alimentos.
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a força-tarefa envolve os ministérios dos Transportes, da Agricultura, Portos e Aeroportos, além de Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), PRF (Polícia Rodoviária Federal), ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).
O secretário-executivo da pasta dos Transportes, George Santoro, afirmou à Folha que o custo de operação e o tempo entre o produtor e o local de venda têm efeito direto nos preços. “Se uma rodovia estiver em pior estado de conservação, o custo para entregar a mercadoria no mercado, nas ceasas [centrais de abastecimento], será muito maior”, afirmou, afirmando que uma reunião para tratar do tema acontece nesta semana.
A safra começou a ser colhida agora e, segundo ele, se estenderá até abril devido às chuvas.
Na lista de produtos classificados como os mais críticos estão carne, café, açúcar, óleo de soja e laranja.
Força-tarefa para reduzir preços dos alimentos envolve investimentos no chamado corredor de agro.
A força-tarefa do governo trabalhará nas seguintes frentes:
ANTT: fará a articulação com as concessionárias de rodovias e ferrovias;
Dnit: realizará o monitoramento das rodovias que não são concessões à iniciativa privada;
Ações de curto prazo: gestão de filas e redução de danos nas rodovias; e
Medidas de longo prazo: investimentos em 60 obras estruturantes de melhoria do chamado corredor de agro para o escoamento da safra.
Segundo secretário, modelo parecido com esse já foi usado no passado. Por exemplo, em casos em que ocorrem deslizamentos nas rodovias, é preciso agir rápido para liberar o trânsito.
Agora, o governo tem contratos de manutenção que permitem agir imediatamente para desobstruir a via e permitir o seu funcionamento.
Em relação aos investimentos em obras, a estratégia é retirar os gargalos logísticos que dificultam o transporte de mercadorias.
Por sua vez, no que se refere aos portos, a força-tarefa faz um trabalho de controle do fluxo de desembarque da mercadoria por meio de agendamento para evitar que todos os caminhões cheguem ao mesmo tempo nos terminais. O controle começa nas rodovias até chegar ao porto.
No caso das ações de médio prazo, será feito um mapeamento para identificar com antecedência onde devem aparecer os gargalos na infraestrutura do porto para que investimentos sejam feitos no local.
Presidente Lula não vai tomar medidas “heterodoxas” para reduzir preços dos alimentos, afirma Paulo Teixeira
Em meio à pressão interna do governo por soluções para conter a alta dos preços dos alimentos, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), reafirmou que o governo não cogita adotar medidas consideradas “heterodoxas”, como a taxação temporária das exportações do agronegócio. “O presidente Lula deixou claro que não vai tomar medidas heterodoxas”, declarou Teixeira à Folha de S. Paulo.
O governo tem buscado caminhos mais moderados. Após reuniões com o presidente Lula, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), descartou intervenções como subsídios e tabelamento de preços. Uma das propostas em estudo é a redução de alíquotas de importação de alimentos, além de juros mais baixos no próximo Plano Safra. Apesar disso, integrantes do PT avaliam que essas ações são insuficientes para enfrentar a inflação alimentar de maneira efetiva.
Fonte: ICL Notícias