Realidade do trabalho precário: soluções para o futuro

25/05/2023

Não faz muito tempo que acompanhamos a Organização Mundial do Trabalho (OIT) emitir um alerta global sobre o agravamento da situação dos trabalhadores ao redor do mundo como um dos impactos da crise sanitária causada pelo Covid-19.

Em relatório, a instituição mencionava que 50 milhões de pessoas se enquadravam como vítimas de trabalho escravo moderno, sendo 27,6 milhões delas submetidas a trabalhos forçados. De acordo com esse número, uma a cada 150 pessoas no mundo é vítima de escravidão.

Infelizmente, no Brasil, temos acompanhado a materialização desses dados. Em 2022, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 2.575 pessoas foram resgatadas de trabalho análogo à escravidão, maior número desde agosto de 2013. Mais recentemente, entre janeiro e março deste ano, o MTE resgatou 918 vítimas de trabalho escravo, representando uma alta de 124% em relação ao primeiro trimestre de 2022.

Pelo que podemos acompanhar, esse cenário se repete em diferentes localidades do país. Segundo o Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo, Minas Gerais e Bahia são os estados onde mais acontecem resgates de pessoas em trabalho análogo à escravidão. E das operações que aconteceram neste ano, o maior número de trabalhadores em situação precária foi encontrado em Goiás e Rio Grande do Sul.

É possível afirmar que o trabalho análogo à escravidão conversa diretamente com o índice de desemprego. Somente no início de 2023, segundo o IBGE, a taxa de desocupação chegou a 8,6%, atingindo 9,2 milhões de pessoas, e isso faz com que a mão de obra escrava aumente.

Tanto que, no início deste ano, a OIT fez outro alerta ao dizer que a atual desaceleração mundial da economia global será responsável por levar trabalhadores a aceitarem empregos ainda mais precários e mal remunerados.

 

Se aprofundarmos um pouco mais os perfis das vítimas, veremos que 64% das pessoas escravizadas são negras, além disso, apenas 6% das vítimas possuem ensino médio completo, conforme mostram os dados do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo.

Embora o Brasil já tenha sido considerado referência no combate ao trabalho escravo, ainda há muito o que fazer para mudar essa realidade. Precisamos e podemos partir de alternativas que possam ajudar a reverter esse quadro, especialmente quando consideramos que pessoas resgatadas tendem a retornar à precariedade, devido ao desemprego e baixa escolaridade.

Por isso, é necessário reforçar a importância da geração de renda entre a população por meio de empreendedorismo e educação profissional.

O incentivo ao empreendedorismo é uma das principais estratégias para combater o trabalho escravo, pois ajuda a criar novos negócios e oportunidades de trabalho, especialmente em regiões onde há escassez de empregos formais.

Inclusive, um estudo realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae), com dados disponibilizados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostra que as micros e pequenas empresas foram responsáveis por 93,5% dos empregos formais gerados no Brasil, em novembro do ano passado.

A inclusão social de pessoas expostas ao trabalho forçado passa, necessariamente, pela inclusão produtiva. E para isso, precisamos investir ainda mais em profissionalização e acesso à formação e ao desenvolvimento contínuo.

Temos uma equação difícil a ser resolvida: um agravamento das desigualdades sociais que levam ao desemprego e a falta de acesso à educação somado à precarização do trabalho.

No entanto, também temos um país com grande potencial de geração de empregos, devido ao seu tamanho e diversidade econômica e um cenário empreendedor extremamente resiliente e criativo.

Diante dessa realidade, há um longo trabalho a ser feito e por isso precisamos ir em frente!

Fonte: https://rhpravoce.com.br/colab/realidade-do-trabalho-precario-solucoes-para-o-futuro/