Um em cada quatro brasileiros não paga todas as contas no mês, mostra pesquisa CNI
08/08/2022

Entre os entrevistados, 34% atrasaram contas de luz ou água
e 19% deixaram de pagar o plano de saúde
Com o orçamento apertado, um em cada quatro habitantes no
país não consegue pagar todas as contas no fim do mês. A constatação é de
pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o
Instituto FSB Pesquisa, que aponta redução nos gastos com lazer, roupas e
viagens.
De acordo com a pesquisa, sair do vermelho está cada vez
mais difícil. Isso porque apenas 29% dos brasileiros poupam, enquanto 68% não
conseguem guardar dinheiro. Apesar disso, 56% dos entrevistados acreditam que a
situação econômica pessoal estará um pouco ou muito melhor até dezembro.
O levantamento também mostrou que 64% dos brasileiros
cortaram gastos desde o início do ano e 20% pegaram algum empréstimo ou
contraíram dívidas nos últimos 12 meses. Em relação a situações específicas,
34% dos entrevistados atrasaram contas de luz ou água, 19% deixaram de pagar o
plano de saúde e 16% tiveram de vender algum bem para quitar dívidas.
Outros hábitos foram afetados pela inflação. Segundo a
pesquisa, 45% dos brasileiros pararam de comer fora de casa, 43% diminuíram
gastos com transporte público e 40% deixaram de comprar alguns alimentos.
Entre os que reduziram o consumo, 61% acreditam na melhora
das finanças pessoais nos próximos meses. O otimismo, no entanto, não se
refletirá em consumo maior. Apenas 14% da população pretendem aumentar os
gastos até o fim do ano.
Pechincha
Entre os itens que mais pesaram no bolso dos entrevistados
nos últimos seis meses, o gás de cozinha lidera, com 68% de citações. Em
seguida, vêm arroz e feijão (64%), conta de luz (62%), carne vermelha (61%) e
frutas, verduras e legumes (59%). Os combustíveis aparecem em sexto lugar, com
57%. No caso dos alimentos, a percepção de alta nos preços de itens como arroz,
feijão e carne vermelha aumentou mais de 10 pontos percentuais em relação à
pesquisa anterior, em abril.
Com a alta dos preços, a população está recorrendo a um
hábito antigo: pechinchar. Segundo a pesquisa, 68% dos entrevistados admitiram
ter tentado negociar um preço menor antes de fazer alguma compra neste ano. Um
total de 51% parcelou a compra no cartão de crédito, e 31% admitiram “comprar
fiado”. Os juros altos estão tornando o crédito menos atrativo. Menos de 15%
dos brasileiros recorreram ao cheque especial, crédito consignado ou
empréstimos com outras pessoas.
De acordo com o presidente da CNI, Robson Andrade, os
rescaldos da pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia comprometeram a
recuperação econômica do país. A aceleração da inflação levou à alta dos juros,
o que tem desestimulado o consumo e os investimentos. Em contrapartida, afirma
Andrade, o desemprego está caindo, e o rendimento médio da população está se
recuperando gradualmente, o que dá um alento para os próximos meses.
O levantamento, encomendado pela CNI ao Instituto FSB
Pesquisa, é o segundo realizado no ano com foco na situação econômica e nos
hábitos de consumo. Foram entrevistados presencialmente 2.008 cidadãos, em
todas as unidades da Federação, de 23 a 26 de julho.
Fonte e Foto: Estadão