Quantidade de famílias em situação de miséria na cidade de SP cresce 5,52% entre janeiro e abril de 2022, diz Prefeitura
01/08/2022
O número de famílias que vive em extrema pobreza na cidade
de São Paulo cresceu 5,52% em apenas nos primeiros meses de 2022, segundo dados
da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMADS).
De acordo com a pasta, a cidade registrou em abril 654.103
famílias vivendo nessa situação, contra 619.869 famílias do computado em
janeiro.
O levantamento da SMADS foi realizado a partir de dados
coletados do Cadastro Único (CadÚnico) do município. Os distritos de M´Boi
Mirim, Capela do Socorro e Cidade Ademar, na Zona Sul, foram as regiões onde
mais foi observado avanço da pobreza extrema na capital paulista até abril, a
exemplo do que já havia sido registrado no início do ano.
As três subprefeituras concentram o maior número de famílias
nessa situação.
M’Boi Mirim: 42.860 famílias em extrema pobreza;
Capela do Socorro: 41.111 famílias em extrema pobreza;
Cidade Ademar: 39.732 famílias em extrema pobreza.
Já as subprefeituras que possuem o menor número de famílias
em extrema pobreza são:
Lapa, na Zona Oeste: 5.297 famílias em extrema pobreza;
Vila Mariana, na Zona Sul: 3.201 famílias em extrema
pobreza;
Pinheiros, na Zona Oeste: 2.147 famílias em extrema pobreza.
Em janeiro de 2022, o g1 havia registrado que a pobreza
extrema na cidade havia crescido 30,82%, na comparação do o mesmo período de
2021, quando 473.814 famílias estavam nesta situação e, neste ano, chegou a
619.869 em janeiro.
Adolescentes e
crianças nas ruas
O número de crianças e adolescentes vivendo em situação de
rua na capital paulista dobrou em 15 anos. São 3.759, de acordo com um
levantamento da prefeitura de São Paulo divulgado no sábado (30). A maioria é
de meninos, que representam quase 60% do grupo.
A faixa de idade mais comum vivendo nas ruas é a de 12 a 17
anos, que somam 42% do total. Pardos e pretos representam mais de 70% dos
casos.
O Censo de Crianças e Adolescentes em situação de rua foi
realizado em maio deste ano após 15 anos sem nenhum levantamento sobre este
grupo na cidade. A última pesquisa foi realizada em 2007.
A pesquisa mostrou que, das mais de 3.700 crianças e
adolescentes nesta condição, 72% utiliza as ruas como forma de sobrevivência,
ainda que por um breve período do dia. Além disso, 10% pernoitam nas ruas e
outros 16% dormem em centros de acolhida municipais.
A região com maior concentração de crianças e adolescentes
em situação de rua é a República, que tem 8% do total, o que equivale a pouco
mais de 300 jovens, seguida dos distritos da Sé, Santa Cecília, Tatuapé e
Pinheiros. Juntos, estes cinco distritos concentram 23% do total de casos.
Definição de extrema
pobreza
O critério do governo brasileiro para definição de extrema
pobreza difere do utilizado pelo Banco Mundial. Para a instituição,
considera-se nesta faixa quem tem renda diária per capita de US$ 1,90, ou cerca
de R$ 274,50 mensais.
Já o CadÚnico classifica como extrema pobreza aquelas
famílias com renda per capita mensal de até R$ 105. O valor é estabelecido pelo
governo federal, por meio de um decreto do presidente da República. A última
atualização das faixas de renda foi realizada em março.
Quem se enquadrar no conceito definido pelo governo passa,
então, a ter direito a receber benefícios sociais, como o Auxílio Brasil, que
paga atualmente R$ 600 para famílias em extrema pobreza.
Antes do início da pandemia, em janeiro de 2019, eram
412.337 famílias nesta situação na capital paulista. No mês de janeiro
seguinte, em 2020, subiu para 450.351, um aumento de 9,21%. Em 2019, eram
consideradas famílias em extrema pobreza aquelas com renda per capita mensal de
até R$ 85. Em 2020 e 2021, a renda per capita que atestou tal situação era de
até R$ 89.
Para Marcelo Neri, diretor da FGV Social, os números do
CadÚnico não mostram os reais dados de extrema pobreza nos municípios, que pode
ser ainda maior.
“Tivemos o processo de migração do Bolsa Família para o
Auxílio Brasil, mas antes disso, vigorava o auxílio emergencial. Nessa
passagem, teve o aumento do valor do benefício em relação ao Bolsa Família, mas
diminuiu o número de beneficiários em relação ao auxílio emergencial, o que
gera flutuações. O cadastro é um medidor de quem está sendo enxergado pela
política, quem está sendo servido ou não”, afirma.
"Existe a questão de visualização, quantas pessoas
realmente estão sendo vistas nesses números. Tivemos o aumento da população de
rua, muitas dessas pessoas não estão incluídas no Cadastro Único, temos pouco
investimento em assistência social para fazer uma busca de todas as pessoas que
estão nessa situação", completa Neri.
Isso porque a inscrição no Cadastro Único é realizada
somente de forma presencial. O CadÚnico é um registro que permite ao governo
saber quem são e como vivem as famílias de baixa renda no Brasil. Ele foi criado
pelo governo federal, mas é operacionalizado e atualizado pelas prefeituras de
forma gratuita. Ao se inscrever ou atualizar seus dados, a pessoa pode tentar
participar de vários programas sociais.
Podem se inscrever famílias com renda mensal por pessoa de
até meio salário mínimo ou que possuem renda acima dessas, mas que estejam
vinculadas a algum programa ou benefício que utilize o cadastro em suas
concessões.
Em entrevista ao g1 em maio, o Luiz Fernando Francisquini,
coordenador de Gestão de Benefícios da Secretaria Municipal de Assistência e
Desenvolvimento Social de São Paulo (SMADS), informou que a elevação dos dados
se deu por conta da mudança da regra de medição do CadÚnico, que começou a
considerar famílias em situação de extrema pobreza aquelas que relataram
receber R$ 105 per capita mensalmente.
"Mas o fato é que tivemos um aumento sim da extrema
pobreza nos últimos anos, um fenômeno agravado não só por questões econômicas,
mas também por conta da pandemia", disse.
Fonte e Foto: G1