Total de empresas ativas cresceu 3,7% no Brasil em 2020
23/06/2022
O número de empresas e outras organizações ativas no Brasil
cresceu 3,7% entre 2019 e 2020, chegando a 5,4 milhões. Mesmo com esse aumento,
o total de pessoas ocupadas assalariadas em empresas diminuiu 1,8% no mesmo
período, o que significa 825,3 mil postos de trabalho formais a menos no país.
As mulheres foram as que mais perderam postos de trabalho.
Os dados são da pesquisa Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (Cempre)
2020 divulgada hoje (23), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
É a primeira vez, na série histórica do estudo, desde 2008,
que a queda no número de assalariados ocorreu ao mesmo tempo em que houve
aumento expressivo no total de empresas. Esse movimento pode ter sido
ocasionado, de acordo com o instituto, por pessoas que foram demitidas e
tentaram abrir seu próprio negócio ou por quem buscava compensar as perdas de
renda nesse período.
“A gente não imagina, em período de forte crise econômica,
ter aumento de empresas. Mas, ao mesmo tempo, isso é explicado pelo crescimento
de empresas que não possuem assalariados”, disse o gerente da pesquisa, Thiego
Ferreira.
“Apesar de todos os esforços, inclusive políticos, e das
políticas públicas para manter os empregos, ocorreram, naturalmente, demissões.
Muita gente teve redução na renda ou porque foi demitida ou porque teve
diminuição da jornada de trabalho e isso pode ter motivado a busca dessas pessoas
por abrirem seus próprios negócios”, argumentou.
Menos funcionários e salários menores
Entre 2019 e 2020, o número de empresas sem empregados
assalariados cresceu 8,6%, o que significa 227,3 mil empresas a mais em 2020.
Já as empresas com assalariados recuaram em todas as faixas analisadas. As com
um a nove empregados caíram 0,4%; as com 10 a 49 empregados, 5,3%; as com 50 a
250 assalariados, 2,3%; e as com mais de 250 funcionários tiveram uma redução
de 1%.
Os dados mostram, ainda, que o salário médio pago pelas
empresas do país em 2020 caiu 3% em relação a 2019, chegando a R$ 3.043,81, ou
o equivalente a 2,9 salários mínimos. Já a massa salarial, que atingiu R$ 1,8
trilhão, teve um recuo de 6% em relação a 2019, o que representou, segundo o IBGE,
a maior redução na série histórica da pesquisa. Essa perda salarial foi,
segundo o instituto, intensificada pela redução no número de assalariados.
Em relação às unidades federativas, o Distrito Federal e o
Amapá registraram os maiores salários: o DF com uma remuneração média mensal
5,3 salários mínimos e o Amapá com 3,7 salários, ambos seguidos pelo Rio de
Janeiro e São Paulo com 3,3 salários mínimos cada. Esses dois estados
concentram mais de um terço dos assalariados do país. Já os menores salários foram
anotados na Paraíba - salário médio mensal de 2,1 salários mínimos -, seguido
do Ceará e Alagoas: 2,2 salários mínimos cada.
Mulheres mais impactadas
Segundo o IBGE, as mulheres foram as que mais perderam
postos de trabalho em empresas. Em 2020, enquanto o número de homens
assalariados caiu 0,9%, em relação a 2019 o total de mulheres recuou 2,9%. Dos
825,3 mil postos de trabalho perdidos entre 2019 e 2020, 71,9%, o equivalente a
593,6 mil vagas, eram ocupados por mulheres.
Diante desse cenário, a participação feminina entre os
assalariados das empresas formais do país diminuiu, pela primeira vez, desde
2009. O percentual de postos ocupados por mulheres passou de 44,8% em 2019 para
44,3% em 2020, a menor participação feminina desde 2016.
“Apesar de ser uma queda de 0,5%, ela revela um
comportamento que tem relação com a pandemia. Quando procuramos entender melhor
esses números, o que encontramos como justificativa são dois movimentos. Houve
um crescimento de ocupações em setores que usualmente empregam mais homens e,
por outro lado, uma redução dos segmentos que empregam mais mulheres”, explicou
o gerente da pesquisa.
De acordo com Ferreira, setores como o de construção, com
empregados majoritariamente homens, cresceram, enquanto segmentos com funcionários
majoritariamente mulheres - educação e alimentação - reduziram os postos no
primeiro ano de pandemia.
Perdas em alimentação e cultura
Segundo a pesquisa do IBGE, as maiores reduções de
assalariados foram nos segmentos de alojamento e alimentação, com uma queda de
373,2 mil; administração pública, defesa e seguridade social (233,9 mil); e
comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (221,7 mil
funcionários a menos).
Na outra ponta, o aumento mais significativo foi no setor de
saúde humana e serviços sociais, com mais 139,3 mil assalariados.
O gerente da pesquisa destacou, ainda, que as áreas de
alimentação e de arte, cultura, esporte e recreação tiveram as maiores perdas
de assalariados da série histórica. Esses percentuais são respectivamente 19,4%
e 16,4%.
“As características desses setores já contribuem para terem
sofrido efeitos da pandemia. Mais ainda a natureza da pandemia, que envolveu
distanciamento social. As pessoas não vão para restaurantes para evitar
contaminação, têm receio de comer fora, fora os lockdowns. Por mais que tivesse
muita garantia de segurança, [elas] não podiam sair”, explicou Ferreira.
O Cempre é um banco de dados mantido pelo IBGE com
informações cadastrais e econômicas da grande maioria das empresas e outras
organizações legalmente constituídas no Brasil.
Integram esse banco empresas inscritas no Cadastro Nacional
de Pessoa Jurídica (CNPJ), da Secretaria Especial da Receita Federal.
Microempreendedores individuais não fazem parte do levantamento.
Fonte e Foto: Agência Brasil