Shopee demite no Brasil depois do fim de frete grátis
23/06/2022
Questionada sobre as movimentações, empresa atribuiu esse
cenário à rotatividade de pessoal na companhia
Depois dos primeiros anos de atuação no Brasil com muito
barulho e incomodando concorrentes nacionais, a plataforma de marketplace
Shopee, de Cingapura, mostrou os primeiros sinais de desgaste no País. Nesta
semana demitiu cerca de 50 funcionários, mesmo sendo uma pequena fração dos
cerca de 1,5 mil funcionários que a companhia, que possui dois escritórios na
capital paulista, afirma ter por aqui.
As demissões constam na lista do site Layoffs Brasil, que
vem divulgando as recentes demissões de empresas que atuam no País,
principalmente das startups. Neste grupo o sinal de alerta chegou levando as
empresas a enxugarem os quadros de talentos, o que reflete piora na atividade
econômica e alta dos juros, o que tem fechado a torneira de capital para essas
empresas, que no geral, operam no prejuízo.
Questionado sobre as movimentações, o e-commerce de
Cingapura não negou as demissões, mas atribuiu esse cenário à rotatividade de
pessoal na companhia. “A Shopee continua
crescendo no Brasil”, declarou em nota. A empresa ainda alega que possui mais
de 100 postos de trabalho em aberto nos seus escritórios e que mantém sua
estratégia de negócios no País. A informação sobre os desligamentos em escala
global, segundo a empresa, não atinge o mercado nacional, apenas a operação dos
países vizinhos Chile, México e Colômbia.
Conforme apurou o Estadão, em meio às demissões internas, a
Shopee também realizou o desligamento de cerca de 100 prestadores de serviço
temporários que atuavam em um centro de distribuição de Barueri. Os
trabalhadores eram terceirizados da empresa de RH GiGroup e não tiveram os seus
contratos renovados. Um ex-prestador de serviço, que não quis se identificar,
contou que o grupo foi informado de que toda a equipe seria internalizada,
contudo, ao longo do último mês o fim dos contratos foi anunciado sem a oferta
de renovação. Procurado, até o momento desta publicação, o marketplace não quis
comentar o caso.
Desgaste
O frete grátis da Shopee no Brasil já vinha sendo tratado
por especialistas como uma cartada na mão da varejista asiática para ampliar a
base de clientes, mas que era insustentável ao longo prazo. Muitos clientes de
e-commerces, que migraram suas compras para aproveitar esse benefício da
Shopee, passaram a criticar a empresa nas redes sociais.
Sem o subsídio nas entregas, a companhia asiática prepara o
lançamento de uma nova campanha que promete distribuir aproximadamente R$ 6
milhões em cupons de descontos para atrair novamente compradores descontentes à
plataforma. O benefício deve ser liberado durante a semana de aniversário do
site, no início do mês de julho.
Do lado das varejistas nacionais, a chegada das empresas
estrangeiras para atuar no comércio online brasileiro gerou uma série de
preocupações. Em documento elaborado por
um conjunto de companhias, intitulado de “Contrabando Digital”, empresas do
varejo e do setor industrial apontam que com a pandemia plataformas digitais
internacionais atacaram o mercado brasileiro, desrespeitando a legislação
local, principalmente a tributária. A conclusão apresentada era de que esse
processo faria o Brasil deixar de arrecadar R$ 60 bilhões em 2022 em impostos.
Dentre as soluções, pediu-se ao governo medidas como
responsabilização integral do marketplace em relação aos seus vendedores
(chamados de "sellers") e exigência de nota fiscal em transporte via
Correios, dentre outros pedidos.
Fonte e Foto: Estadão