Novo ato contra tarifa faz até colégio fechar mais cedo

08/06/2013

O segundo dia de protestos contra a elevação da tarifa de ônibus, metrô e trens voltou a interditar vias importantes de São Paulo e a provocar tensão em áreas nobres --a ponto de um colégio particular encerrar as aulas mais cedo.

 

Após cenas de vandalismo anteontem na região central, uma nova passeata levou comerciantes a baixarem portas, empresas a dispensarem funcionários e uma escola de Pinheiros a convocar os pais para buscar os alunos antes.

 

Durante mais de cinco horas, os manifestantes saíram do largo da Batata e chegaram a bloquear vias como a Brigadeiro Faria Lima e até a marginal Pinheiros, agravando os congestionamentos --que atingiram 226 km, terceira maior lentidão do ano.

 

Eles também voltaram a ocupar faixas da avenida Paulista e a repetir cenas de vandalismo como pichação de ônibus e pontos --sem a mesma intensidade da destruição do dia anterior, quando entradas de estações foram apedrejadas e lixeiras foram incendiadas.

 

A PM jogou bombas de gás para dispersar os manifestantes da marginal Pinheiros, onde eles ocuparam as duas vias, sentido Castelo Branco.

 

Mas também chegou a negociar com líderes para a ocupação parcial de vias, com escolta da PM, quando a passeata chegou à Paulista, às 22h.

 

No percurso do ato, estabelecimentos como a pizzaria Bráz e os restaurantes Ruella e América baixaram as portas. Segundo a PM, a manifestação ontem reuniu em torno de 5.000 pessoas.

 

O reajuste da tarifa do transporte, de R$ 3 para R$ 3,20, entrou em vigor no domingo e ficou abaixo da inflação. O aumento foi decidido pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).

 

O protesto foi organizado pelo Movimento Passe Livre, liderado por estudantes e com integrantes de alas de partidos de extrema esquerda.

 

Eles prometem um novo protesto na cidade na próxima terça-feira, às 15h, novamente na avenida Paulista.

 

Aulas

Hélio Marcos Toscano, diretor do colégio Palmares, de Pinheiros, contou que decidiu antecipar em uma hora a saída dos alunos pelo temor de que cenas de confronto do dia anterior se repetissem.

 

"Como não tínhamos segurança da dimensão que isso poderia tomar, resolvemos garantir tranquilidade de pais e alunos", afirmou.

 

A fonoaudióloga Ana Barion, 39, só conseguiu buscar a filha de nove anos às 17h, pouco antes do protesto. "Fiquei preocupada. Protestar é justo. Quebrar tudo, não."

 

 

Grupo promete novo protesto contra aumento de passagens em SP

Manifestantes contrários ao aumento das tarifas de transporte público em São Paulo prometem realizar um novo protesto neste sábado (8), às 15h30, na marginal Pinheiros. A manifestação, que deve iniciar na estação Berrini da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), foi divulgada em um evento no Facebook, com a descrição "não vamos descansar enquanto a tarifa não baixar".

 

Esse será o terceiro dia seguido de protestos contra o aumento das passagens de ônibus, metrô e trem. Na noite de ontem (7), o grupo, que reuniu 4.000 pessoas, partiu do largo da Batata e seguiu por vias como a Brigadeiro Faria Lima, Eusébio Matoso, marginal Pinheiros e avenida Paulista. Na ocasião, a cidade registrou a terceira maior lentidão do ano, com 226 km de filas às 18h30, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

 

Os dois dias de protestos foram marcados por atos de vandalismo e confronto com a polícia, que tentou conter o grupo com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borrachas. O Metrô de São Paulo estimou em R$ 73 mil os prejuízos no primeiro dia, sendo R$ 68 mil em vidros quebrados e R$ 5.000 com luminárias danificadas.

 

 

Fonte: Folha de S.Paulo

Foto: Tércio Teixeira/Futura Press