Graças a chineses, Brasil registra alta de investimentos em 2017

23/01/2018


O Brasil registrou, em 2017, um aumento de 4% na entrada de investimentos externos. Ainda assim, perdeu uma posição no ranking dos principais destinos de apostas de empresas de todo o mundo. Os dados fazem parte de um informe publicado nesta segunda-feira pela Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), às vésperas do encontro do Fórum Econômico Mundial em que o presidente Michel Temer tentará convencer executivos de que “o Brasil voltou”. 

 

O País terminou o ano em sétimo lugar, com US$ 60 bilhões, uma posição abaixo de 2016. Há dois anos, porém, o país recebeu US$ 58 bilhões. Em 2015, o Brasil havia sido destino de US$ 65 bilhões em investimentos. 

 

No ano passado, a liderança continuou com os EUA, com uma entrada de capital estrangeiro de US$ 311 bilhões. A China veio em segundo lugar, com US$ 144 bilhões, seguido por outros US$ 85 bilhões em Hong Kong. A lista dos principais destinos ainda mostra a Holanda no quarto lugar, com US$ 68 bilhões, Irlanda com US$ 66 bilhões e Austrália com pouco mais de US$ 60 bilhões. No geral, a Ásia voltou a ser o maior destino de investimentos no mundo. 

 

O aumento do fluxo ao Brasil marca uma retomada que, segundo a ONU, pode se intensificar em 2018. A entidade aposta em uma recuperação maior dos investimentos, atraídos por um mercado doméstico fortalecido diante de uma recuperação econômica.

 

“Pode haver algum sinal positivo de recuperação de investimentos, por conta do crescimento que começa a ser retomado no Brasil. Isso pode atrair investimentos a uma economia de tamanho substancial”, afirmou James Zhan, diretor do Departamento de Investimentos da Unctad.

 

A avaliação da entidade é que a recuperação do mercado anulará em parte as incertezas políticas em um ano eleitoral. 

 

Em 2017, porém, o desempenho nacional foi garantido graças aos investimentos chineses. O Brasil, segundo a ONU, foi responsável pelas maiores aquisições na América Latina. Mas das dez maiores aquisições feitas por empresas estrangeiras no País, nove foram realizadas por empresas chinesas no Brasil. 

 

O resultado ainda permitiu que a América Latina registrasse seu primeiro ano de alta nos investimentos desde 2012, com um aumento de 3% e um total de US$ 144 bilhões. Mas os volumes ainda estão 25% abaixo de seu pico. 

 

“2016 e 2017 mostraram que os investimentos chineses foram elevados e que empresas estavam agressivas, incluindo setores como serviços e tantos outros”, disse Zhan. “Foi no final de 2017 que houve uma política na China para pedir que empresas fossem cautelosas. China ainda tem a política de incentivar a ida de suas empresas ao exterior. Mas pede cautela e isso pode se aplicar ao Brasil”, alertou. 

 

Global. Pelo mundo, porém, a alta do Brasil e dos emergentes, com aumento de 2%, não se repetiu em outras regiões, principalmente entre as economias ricas. Entre esses países desenvolvimento, a contração foi de 27%. 

 

Os números revelam uma queda global de 17% em 2017, um tombo considerado como inesperado pelos analistas.  

 

Projetos de novos investimentos foram reduzidos em 32% no ano passado, atingindo seu menor volume desde 2003, com US$ 571 bilhões. 

 

Nos EUA, a contração foi de 32%, contra uma queda de 90% no Reino Unidos. No total, os investimentos chegaram a US 1,58 trilhão, contra mais de US$ 1,81 trilhão em 2016. 

 

Para 2018, a esperança da ONU é de que haja uma recuperação moderada do fluxo de investimentos. Mas, segundo Zhan, os riscos ainda são “abundantes”.

 

A estimativa é de que o volume investido volte ao patamar de quase US$ 1,8 trilhão. Entre os pontos positivos estão as taxas de crescimento das economias de Europa, Ásia e EUA. A ONU também projeta um bom desempenho dos preços de commodities e um maior apetite do setor privado.

 

Os riscos, porém, se referem às instabilidades geopolíticas, além do impacto de uma política e de uma retórica protecionista. Tudo isso, segundo a ONU, seria traduzido em ações restritivas e que poderiam ter consequências para os investimentos.

 

Fonte: Estadão