Fazenda pode revisar previsão de crescimento do PIB para cima

11/10/2017

No mesmo dia em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste e no próximo ano, o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, disse que o governo pode seguir o mesmo caminho. A avaliação é de que os indicadores de atividade econômica mais recentes trouxeram números melhores que o esperado. Apesar de anunciar a possiblidade, Mansueto não deu prazos. 

 

A agência de classificação de risco Moody's está revisando sua análise sobre o País e a projeção para 2018 deve ser melhorada, assim como têm feito bancos e consultorias. "Possivelmente no futuro essa revisão (por parte da equipe econômica do governo) vai acontecer", disse Mansueto a jornalistas nesta terça-feira, 10.

 

Se a economia crescer em ritmo mais forte que o esperado, é possível melhorar a previsão de déficit primário para este ano, afirmou o secretário. Atualmente, a estimativa oficial prevê um rombo de R$ 159 bilhões. "Não seria impossível termos um déficit primário menor, considerando os números", disse ele, citando a arrecadação nos leilões de petróleo e de hidrelétricas, que rendeu R$ 4 bilhões acima do previsto ao governo, e a recuperação da arrecadação vista no mês de agosto.

 

'Dá cadeia'. Mansueto Almeida mostrou preocupação com a possibilidade de o governo federal não cumprir a chamada "regra de ouro", medida constitucional que impede que a União aumente a dívida para arcar com despesas correntes. "Infringir a regra de ouro dá cadeia e pega toda a hierarquia."

 

Para o secretário de Acompanhamento Econômico, não cumprir essa norma é mais grave que ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. "A situação fiscal do Brasil chegou a um nível tal, que se o governo fizer investimento zero e grande parte dos ministérios forem fechados, a despesa é maior que a receita." Fica claro, disse ele, que o problema para o ajuste fiscal é a despesa obrigatória e, dentro deste item, a que mais cresce é a Previdência, com o país tendo nível de gasto com aposentadoria maior que países desenvolvidos, como o Japão.

 

Ao falar das eleições de 2018, Mansueto ressaltou que o ajuste fiscal terá que prosseguir no próximo governo. Se resolver reverter as medidas tomadas na gestão de Michel Temer, o secretário avalia que o novo presidente da República terá que arcar com "custo enorme", por exemplo, com a disparada do dólar e dos juros. "Não vejo a possibilidade de um próximo presidente, qualquer que seja o partido, mudar drasticamente a política atual, que está funcionando."

 

Fonte: Estadão