Lucro do BNDES sobe 162% até junho

15/08/2017

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve lucro líquido de R$ 972 milhões no segundo trimestre, somando R$ 1,3 bilhão na primeira metade do ano. O resultado reverteu o prejuízo de R$ 2,1 bilhões do primeiro semestre de 2016, com alta de 162%. O avanço veio de perdas menores nos investimentos na Bolsa, embora o banco tenha deixado para depois o registro de perdas com as ações do frigorífico JBS. Um cálculo inicial indicou que o lucro semestral poderia ser reduzido em R$ 1,2 bilhão se a perda fosse registrada já.

 

O cenário no mercado de ações na primeira metade deste ano foi melhor que no primeiro semestre de 2016, quando o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff se desenrolou. No ano passado, o BNDES teve prejuízo ao registrar perdas de R$ 4,920 bilhões com seus investimentos em empresas como Petrobrás, Vale, JBS e Eletrobrás. Neste ano, as participações societárias tiveram ganho de R$ 1,420 bilhão.

 

A superintendente da Área de Controladoria do BNDES, Vania Borgerth, explicou que o vaivém das ações na Bolsa, no dia a dia, impactam no patrimônio. Quando as cotações sobem, o patrimônio vai junto – e vice-versa. Só que, pelas regras de contabilidade, quando um banco verifica que as quedas das cotações foram tão grandes que podem não ser recuperadas, é preciso reduzir esse valor, considerado “irrecuperável”, do lucro. É o que o mercado chama de “baixa contábil” ou “impairment”, no jargão da Bolsa.

 

Agora, em 2017, o mercado melhorou. “Como o mercado não voltou a se deteriorar, não tivemos que constituir nenhuma perda adicional nem jogar para o resultado”, afirmou Vania.

 

O mercado foi melhor no primeiro trimestre do que no segundo. Tanto que, separadamente, o lucro líquido da BNDESPar, que tinha sido de R$ 1,2 bilhão de janeiro a março, ficou em apenas R$ 9 milhões de abril a junho. Além disso, o valor total da carteira de ações da BNDESPar caiu de R$ 63,628 bilhões, em 31 de março, para R$ 58,667 bilhões, em 30 de junho, queda de 7,8%, causada, principalmente, pela “desvalorização da cotação em Bolsa das ações da Petrobrás, Eletrobrás e Vale”.

 

O principal evento a reduzir as cotações das ações no segundo trimestre foi a revelação, em meados de maio, da delação premiada de executivos da holding controladora da JBS, incluindo os irmãos Joesley e Wesley Batista. Os depoimentos envolveram o presidente Michel Temer e atingiram toda a Bolsa, mas os papéis da JBS mais fortemente. O frigorífico entrou em crise de confiança, foi obrigado a vender ativos e adiou divulgação do balanço do segundo trimestre.

 

Por causa dos polêmicos aportes feitos pelo BNDES ao longo dos governos do PT, para apoiar a internacionalização do frigorífico, o banco de fomento detém 21,47% do capital total da JBS. A fatia é tão grande que o banco considera a empresa como “coligada” em seu balanço financeiro. Por isso, faria sentido fazer uma baixa contábil por causa dessas perdas.

 

Segundo Vania, o BNDES deixou para fazer isso no balanço financeiro de setembro porque, para fazer o “teste de impairment” (como é chamado o cálculo que determina o valor da baixa contábil), o banco precisaria das informações do balanço financeiro da JBS. “Teríamos dificuldade de chegar a uma avaliação de qualidade (sobre o valor da baixa contábil), dado que o próprio auditor (da JBS) não liberou as demonstrações contábeis dela”, disse.

 

Mesmo assim, o BNDES fez “um teste dentro do que a gente podia prever”, que apontou para uma baixa de cerca de R$ 1,2 bilhão, “mas essas informações não têm ainda grau de confiabilidade”, disse Vania.

 

O balanço financeiro do BNDES apontou que o ativo total encerrou o primeiro semestre em R$ 883,64 bilhões. O Índice de Basileia, que mede a saúde financeira de um banco, ficou em 22,75%, acima dos 10,5% exigidos pelo Banco Central.

 

Fonte: Estadão