Lucro da Petrobrás cai 14,6% no 2º trimestre

11/08/2017


A decisão de aderir aos Refis do governo federal, programas que dão desconto para a regularização de dívidas tributárias, impediu que a Petrobrás tivesse lucro maior no segundo trimestre, mas a queda nas vendas de combustíveis no mercado interno também atrapalhou. O lucro líquido de R$ 316 milhões ficou 14,6% abaixo do registrado no segundo trimestre de 2016, informou nesta quinta-feira, 10, a companhia. Na comparação com o desempenho do primeiro trimestre (quando o lucro líquido foi de R$ 4,4 bilhões), o tombo foi de 93%.

 

“O que nos afeta e a qualquer empresa? O preço da commodity (petróleo) e o fato de que a gente está vivendo uma brutal recessão no País, que influencia a demanda pelos nossos produtos”, disse o diretor Financeiro, Ivan Monteiro, destacando que a companhia vendeu menos combustíveis por causa da crise econômica e também de preços mais baixos, devido à queda das cotações internacionais.

 

Para o terceiro trimestre, porém, a previsão é de um resultado melhor e ainda de retomada do acesso a dinheiro público via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Petrobrás espera contratar mais R$ 2 bilhões com o banco até dezembro, dos quais cerca de R$ 1 bilhão serão na linha Finame, para máquinas e equipamentos. Desde 2015, o BNDES estava impedido de dar novos empréstimos para a Petrobrás, por causa do excesso de exposição à estatal – acima, até mesmo, do permitido pelo Banco Central (BC).

 

No segundo trimestre, o balanço financeiro da Petrobrás ficou marcado por fatores pontuais que não devem se repetir nos próximos meses, destacou Monteiro. O ganho de R$ 6,7 bilhões relativo à venda da operadora de gasodutos Nova Transportadora do Sudeste (NTS) engordou a receita. Já as despesas com os programas de regularização das dívidas tributárias – com destaque para Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) – somaram R$ 6,234 bilhões.

 

Ao comentar o resultado, o presidente da companhia, Pedro Parente, demonstrou, no entanto, estar satisfeito com o desempenho da estatal. “Tivemos um resultado no segundo trimestre bastante expressivo. Nosso lucro operacional aumentou 5% e por efeitos extraordinários tivemos um lucro líquido bastante menor que o do primeiro trimestre, mas ainda assim pela segunda vez consecutiva temos resultado positivo, fluxo de caixa livre positivo, endividamento líquida abaixo de US$ 90 bilhões”, afirmou.

 

“A conclusão é que o resultado decepcionou, veio abaixo do esperado. Isso porque houve vendas menores e os custos subiram, enquanto o preço de derivados caiu”, analista Flávio Conde, da consultoria WhatsCall Research.

 

Fonte: Estadão