Após migração de praça, usuários já montam barracas na Alameda Cleveland, na Cracolândia

23/06/2017

A Alameda Cleveland, o novo endereço da Cracolândia na região central de São Paulo, já tem barracas de acampar e outras formadas por lonas. Os registros foram feitos pelo Globocop na madrugada desta sexta-feira (23), dois dias após os usuários migrarem para a região, deixando a Praça Princesa Isabel, e um dia após o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, afirmar que não seria permitida a instalação de barracas.

 

Segundo a polícia, esse tipo de estrutura facilita a ocorrência de um feirão da droga na região. Algumas barracas chegaram a ser montadas também na Praça Princesa Isabel, e na madrugada desta sexta ainda era possível encontrar lá materiais usados pelos usuários de drogas, como cordas.

 

Em entrevista ao G1 na quinta-feira (22), Mágino reafirmou ainda que a Polícia Militar (PM) não determinou a retirada dos dependentes químicos do local, mas que seguirá combatendo o tráfico de crack na região, não permitindo, por exemplo, a instalação de barracas nas vias públicas.

 

“Nós não vamos permitir a instalação de barracas. As barracas foram aqueles instrumentos que possibilitaram a instalação do tráfico no antigo fluxo da Cracolândia e da Rua Helvétia”, comentou sobre os locais onde traficantes aproveitavam para vender droga. “Na Praça Princesa Isabel eles começaram a fazer a mesma coisa, nós fomos lá e desmontamos. Se eles fizerem a mesma coisa na Praça Júlio Prestes, nós vamos desmontar também”, disse.

 

Mágino Alves Barbosa Filho afirmou que ficou surpreso com a saída dos usuários de droga da nova Cracolândia, na Praça Princesa Isabel, e a ida deles para perto da antiga área ocupada. O foco de ocupação até maio era na Alameda Dino Bueno com a Rua Helvetia. Atualmente, a concentração está na Rua Helvetia com a Alameda Cleveland.

A procissão do crack, como é conhecido o deslocamento coordenado dos dependentes, ocorreu na noite de quarta-feira (21), exato um mês após a operação policial na região da Rua Helvétia. “A saída, ela foi uma coisa feita repentinamente, ela nos pegou de surpresa. Nós fizemos o acompanhamento de toda a retirada deles”, disse Mágino.

 

Ao mesmo tempo, o secretário da pasta da Segurança Pública alegou que ainda busca entender o que aconteceu para os viciados migrarem. “Parece que alguém esteve lá, alguma liderança que pode ser de ONG, eu não sei, e fez esse convencimento para que eles mudassem de local. A Praça Princesa Isabel ganhou uma iluminação especial e talvez isso tenha incomodado o usuário”, sugeriu o chefe da secretaria da segurança pública (SSP) ao arriscar um palpite.

 

Agentes públicos de segurança, representantes do poder judiciário e assistentes sociais ouvidos pela reportagem atribuíram ao tráfico a debandada de usuários da nova Cracolândia. Segundo eles, o Primeiro Comando da Capital (PCC) ordenou a mudança de endereço por ter encontrado dificuldades em traficar na Praça Princesa Isabel.

 

Fonte: G1