Venda de livros de youtubers cresce 120% no País, aponta pesquisa

26/08/2016

Se em 2015 o livro de colorir salvou o mercado de um ano que poderia ter sido catastrófico, em 2016 a aposta é nos livros derivados de canais do YouTube. Segundo a GFK, que acompanha o varejo de livro no País, a oferta de obras escritas por youtubers duplicou em comparação com o ano passado e o faturamento com o gênero cresceu 120%. É um refresco, mas outro dado preocupa: a venda de exemplares de livros em livrarias caiu 15,5%.

 

Dois gêneros registraram crescimento em 2016: Direito, por causa das atualizações dos códigos, cresceu 26% e HQ, que se beneficiou do cinema, 21%. Literatura brasileira registrou queda de 8,4% e literatura estrangeira, com 15,6% do mercado, é o segmento com melhor desempenho. Ainda de acordo com o levantamento da empresa, o e-commerce representa 29,7% do faturamento das redes.

 

Os dados foram apresentados na Convenção Nacional de Livrarias nesta quarta-feira, 24, em São Paulo, que reuniu livreiros de todo o País em conversas sobre o futuro do negócio. Confira outros destaques do evento.

 

A livraria do futuro

O painel com representantes das livrarias Travessa, Leitura e Curitiba era para discutir a livraria do futuro, mas a crise econômica e como o setor está tentando sobreviver a ela tomaram conta das discussões. A Travessa, do Rio, já enxugou 20% de seu quadro de funcionários. A Leitura está abrindo algumas lojas e fechando outras – mas a rede diz que ainda está no azul. A rede Livrarias Curitiba está otimista com a capacidade dos padres e dos youtubers de atrair um público diversificado para as lojas. Mas ninguém vê claramente o que vem pela frente.

 

Benjamin Magalhães, da Travessa, reforçou que é preciso pensar no mercado editorial como um todo. Ou seja, que livrarias e editoras revejam seu relacionamento e, no caso das editoras, que elas acertem suas dívidas.

 

Há quem defenda a diversificação de produtos como uma forma de chegar melhor lá no futuro, há quem prefira a ideia de especialização em alguma área. “Vamos ficar enchendo as lojas com bichinhos de pelúcia? É por aí?”, questiona Magalhães Mais adiante, Marcos Telles, da Leitura, disse: “Não queremos ser livraria de bombom, mas se ele está ali no caixa o cliente leva”. À propósito, hoje, livros respondem por 50% das vendas da Leitura.

 

Uma das reclamações dos palestrantes foi a impossibilidade de competir com as livrarias ponto com, que querem ser a Amazon e aceitam perder dinheiro para oferecer o livro mais barato até que a gigante americana. Esse modelo é irracional. Imagino que em algum momento essa maluquice acaba”, disse Marcos Pedri, da Curitiba.

 

Magalhães aproveitou a deixa e reclamou do fato de os programas de compras governamentais negociarem direto com as editoras, tirando as livrarias da jogada.

A lei do preço fixo do livro, a nova (velha) bandeira do mercado, apareceu discretamente no debate.

 

Jabuti nas livrarias

A Câmara Brasileira do Livro quer o Prêmio Jabuti mais presente nas livrarias e aproveitou a convenção para pedir o apoio dos livreiros. A ideia é que ele funcione como uma espécie de curadoria dentro das lojas. Ou seja, que as livrarias dediquem um espaço especial para as obras premiadas. Vai haver uma promoção para motivar os livreiros, mas isso ainda será anunciado. Além disso, ela vai mandar um selo para que eles coloquem nos livros finalistas.

 

Fonte: Estadão