Tarifa única para táxis de São Paulo estreia com improvisos

25/08/2016

No dia em que passou a valer a uniformização das tarifas de táxi em São Paulo, motoristas de carros especiais e de luxo improvisaram para dar descontos e igualar os preços aos de táxis comuns.

 

Sem tempo para atualizar os taxímetros, alguns motoristas, como os do serviço Vermelho e Branco, recorreram a uma tabelinha para conversão de valores, enquanto outros improvisaram uma calculadora para definir os preços.

 

Pela nova regra, os táxis comuns, pretos, especiais e de luxo passam a ter a mesma tarifa. A bandeira passou a ser de R$ 4,50. O preço por quilometro rodado, R$ 2,75. O valor por hora parada é de R$ 33.

 

A Prefeitura de São Paulo diz que não cabe a ela estabelecer prazo para readequação dos taxímetros. Afirma que os taxistas devem ir ao Instituto de Pesos e Medidas e agendar data para a revisão.

 

A gestão Fernando Haddad (PT) diz ainda que, até a adequação dos taxímetros ser concluída, os motoristas devem andar com uma tabela de conversão fixada no vidro do carro. A tabela está disponível na sede do sindicato dos taxistas autônomos da cidade.

 

A unificação das tarifas, segundo a prefeitura, atende a um pedido de taxistas que trabalham com táxi de luxo, que tinha tarifas mais caras e era pouco competitivo —o prefeito Fernando Haddad (PT) é candidato à reeleição.

 

"A mudança aproxima o passageiro do táxi de luxo, ainda mais no contexto de crise", diz Marco Aurélio Mais, 47, dono de um táxi do tipo.

 

A medida também é apoiada pelo Sindicato dos Taxistas Autônomos de SP, mas questionada pelo Sindicato dos Motoristas nas Empresas de Táxi no Estado de SP.

 

Para os donos de táxis especiais, pretos e de luxo ouvidos pela Folha, a mudança proposta aumenta o poder de competitividade dos modelos mais caros.

 

Já os taxistas comuns, com carros mais simples, temem que a padronização das tarifas faça com que o passageiro opte por modelos mais modernos e confortáveis.

 

Outra mudança é o término da cobrança de taxas adicionais por carregar bagagens, ultrapassar limites de município e marcar hora para a corrida. A cobrança da bandeira 2, entre as 20h e 6h e nos domingos e feriados, passa a ser opcional.

 

Para a Associação Nacional de Transportes Públicos, a bandeira 2 serve de compensação ao taxista que trabalha de noite e aos domingos. A prática é comum em países como Inglaterra e Chile.

 

Em Congonhas, muitos passageiros desconheciam a nova regra. "É uma boa surpresa", diz a hoteleira Liliana Correia, 63, que estava indo para a Vila Leopoldina, na zona oeste. Segundo ela, sua corrida, que costumava sair a R$ 80, ficou em R$ 64.

 

TAXÍMETRO

No aeroporto, a cooperativa de táxis especiais Vermelho e Branco distribuiu uma tabela para que seus motoristas respeitem a nova tarifa. Ao final da corrida, eles a utilizam para fazer uma conversão a partir do valor que aparece no taxímetro.

 

Para o presidente da cooperativa, o ideal é que toda a frota tenha seus taxímetros revistos o quanto antes.

Já Orlando Dias, 51, motorista de um táxi preto, passou a usar a calculadora para informar o desconto ao cliente.

 

Em uma corrida do aeroporto de Congonhas até o centro da cidade, o taxímetro mostrou R$ 56. Dias pegou uma calculadora e subtraiu 20% do valor, resultando em uma viagem de cerca de R$ 45. 

 

Fonte: Folha de S.Paulo