Justiça americana condena José Maria Marin a quatro anos de prisão

22/08/2018


A juíza Pamela Chen, da Corte Federal do Brooklyn, no Distrito Leste de Nova York, condenou José Maria Marin, de 86 anos, a quatro anos de prisão pelos crimes cometidos na época em que foi presidente da CBF, entre 2012 e 2015.

 

Além disso, Marin teve US$ 3,35 milhões (R$ 13,6 milhões) imediatamente confiscados e vai ter que pagar multa de US$ 1,2 milhão (R$ 4,9 milhões). No dia 20 de novembro, haverá outra audiência para discutir o valor que ele terá de restituir à Fifa e à Conmebol. A partir desta data, o cartola brasileiro terá duas semanas para recorrer da decisão.

 

A defesa de José Maria Marin declarou, logo após a sentença, que vai fazer a apelação. Ela acredita ainda que vai reduzir 13 meses da pena pelo tempo em que ele já ficou preso e mais sete meses por bom comportamento. Ou seja, os advogados esperam que o ex-presidente da CBF cumpra mais 28 meses de prisão (dois anos e quatro meses).

 

- Tendo em vista a redução de bom comportamento que, na prática, significa sete meses e tirando o tempo que ele já cumpriu na Suíça e aqui (nos EUA), ele terá que cumprir teoricamente mais 28 meses - explicou Julio Barbosa, um dos advogados.

 

Marin chora e interrompe julgamento

A juíza abriu o julgamento sugerindo sete anos de prisão. A defesa do ex-presidente da CBF usou como argumento principalmente a idade do réu, lembrando que a média de idade dos prisioneiros nos Estados Unidos é de 36 anos - Marin tem 86.

 

José Maria Marin, então, foi chamado para dar sua palavra. Foi a primeira vez que ele falou sobre o caso desde que as investigações começaram. Em seu depoimento, citou principalmente a esposa, Neusa Marin, de 79 anos. E chorou copiosamente.

 

- Jesus carregou uma cruz. Eu carrego duas, a minha e a da minha mulher - declarou ele, antes de ir às lágrimas.

 

A reação de Marin fugiu do script do julgamento. Em determinado momento, sequer o tradutor que estava ao seu lado conseguiu acompanhá-lo. É por isso que a juíza se viu obrigada a conceder um intervalo de 10 minutos. Logo depois, a sessão foi retomada.

 

Outro tecla batida pela defesa de Marin foi a mudança de prisão. Ele está atualmente preso na penitenciária MDC no Brooklyn, famosa pelas más condições dadas aos prisioneiros. O pedido é para que ele fosse transferido para o Centro Correcional do Vale do Moshannon Valley CI, uma prisão federal para homens localizada em Philipsburg, na Pensilvânia. Embora não tenha o poder de mudá-lo de local, a juíza não mostrou objeção quanto à súplica.

 

A juíza Pamela Chen, por fim, emitiu suas considerações finais rebatendo todos os pontos da defesa, exceto o da idade do réu - ela reconheceu que Marin é um senhor de idade e que, portanto, não pode ser tratado como um prisioneiro comum. No entanto, disse não acreditar nas justificativas de que o brasileiro não sabia dos crimes que estava cometendo e afirmou que ele tinha, sim, consciência de que "coordenava um sistema de corrupção".